"Quem me confia em olhos,

               Nas meninas dele vê

                    Que meninas não têm fé."

 

                                   Camões.

               

Ubirajara Sá
"Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade."
Textos
Habitantes de Cascais
 
 
Nas pedras de Cascais distante
Aonde a estrada de ferro leva-me
Vi brasileiros e saudade abundante
Espumas, choro, soluços entre relva
Cascais tem luxo e bafos de galegos
Também têm vielas, tumbas e pelegos.
 
A saudade que bate à porta de irmãos
Enaltece a igreja do bispo Macedo
Os panfletos distribuídos por mãos
De brasileiros, matam de ira e medo;
Pois ainda existem, neste mundo
Covas, trevas e um buraco profundo.
 
Enquanto uns poucos ricos distribuem
Pais e filhos desamparados pela vida;
Os serventes, animadamente, concluem
Que servir na vida à serpente suicida
É antever um futuro morto na Bíblia,
E orar aos mortos despojados de fibra.
 
Ao corromper o pudor dos abnegados
Cristãos; os livres caçadores de almas
Benditas, nobres e filhos renegados
Que se submetem às ordens calmas
De homens imbecis e de suas rezes,
Serão infantes que veneram suas fezes!
 
Um lugar que tanta gente enaltece
Também sublima o sabor amargo
De aquele ser que de frio padece
Mata de fome e enche o rio largo.
Oh! Vida e morte ao triunfo dos mortais...
Não se esqueçam de quem são em Cascais!
 
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 22/04/2012
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras

     "Oh! Não te espantes não, Dom Antônio, 

     Que se atreva a Bahia

     Com oprimida voz, com plectro esguiu

     Cantar ao mundo teu rico feitio, 

     Que é já velho em Poetas elegantes

     O cair em torpezas semelhantes."

                                                            Poesias Satíricas - G. de Matos.

 

     Uma Canção

 

         "Uma canção ao longe... É um mendigo que está cantando...

                                                  Se esse pobre canta,

                           por que blasfemas, tu que possuis tão

                              doce recordação da vida, amigo?"

                             Cem poemas chineses - Hugo de Castro.