"Quem me confia em olhos,

               Nas meninas dele vê

                    Que meninas não têm fé."

 

                                   Camões.

               

Ubirajara Sá
"Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade."
Textos

Se pela manhã me acordassem cedo
Para ouvir os pássaros cantarem a ave-maria
Creio que minha vida bem cedo mudaria
E a tarde, apressadamente, trairia o medo
Que me vem sem sentir, sem pedir... Vem
A mim ó moribunda mente de sombrio Zen!
 
Sou o absurdo do confronto dialetal
Mau confessor, professor ideal
Que desfaz o ensino chacal
Que troca o bem pelo mal
Que chora por caso banal
Cal jogada, pá de cal
Que me cobre de sal
Que me batiza de paradoxal!
 
Vem a mim, ó infortúnio corruptível!
Invisível seguimento social
Crível de semente genital
Sombra de origem profana
Que me engana sem querer
Só porque vê; só vê!
 
Correndo por sombras vagas
Minhas vagas lembranças
São tranças e teias
Veias no meio do nada
Sou o nada de vida abençoada
Quase por nada chorei!
Eu fiquei enquanto pensava
Enquanto chorava por mim
Que vim sem querer...
Morrer é uma dádiva!
Mas o que é morrer?
 
Abra a porta da inspiração!
Fale bobagem!
Busque inspiração retrograda
Drogada, impregnada...
E grite bem alto:
Nasci do nada, e para o nada
Voltarei!
 
É manha e os pássaros
Começaram cantar!
Voam em torno do sol
Eu os vejo nas sombras
Dos arvoredos!
Medo! Medo! Medo!

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 25/04/2012
Alterado em 25/04/2012
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     "Oh! Não te espantes não, Dom Antônio, 

     Que se atreva a Bahia

     Com oprimida voz, com plectro esguiu

     Cantar ao mundo teu rico feitio, 

     Que é já velho em Poetas elegantes

     O cair em torpezas semelhantes."

                                                            Poesias Satíricas - G. de Matos.

 

     Uma Canção

 

         "Uma canção ao longe... É um mendigo que está cantando...

                                                  Se esse pobre canta,

                           por que blasfemas, tu que possuis tão

                              doce recordação da vida, amigo?"

                             Cem poemas chineses - Hugo de Castro.