"Quem me confia em olhos,

               Nas meninas dele vê

                    Que meninas não têm fé."

 

                                   Camões.

               

Ubirajara Sá
"Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade."
Textos
Confissão de um Desesperado
Hoje eu não dormi direito
Passei a noite arrastando-me no medo
Mas isso não é mais segredo
Sou assim mesmo, quando estou no leito.
Em vez de sonhar com os anjos, espreito
Os assuntos do peito, e choro, e corro
Às vezes peço socorro,
Às vezes fujo, como um covarde
Não faço o menor alarde...
De medo, faço segredo, morro!

Mas não me considero um covarde
Só tenho as minhas confusas idéias
Por isso vagueio por entre sombras...
Penso que já é bem tarde...
Pego-me, muitas vezes, com a panacéia.
Na busca de uma saída, meu corpo tomba
Minh'alma, fragmentada, põe-se em coma.
No leito, ela se recorda, e, acordada,
Vê as pragas, vê as chagas, andeja.
Por entre as plagas desérticas
Vê-se diante de cromossomos desesperados
Sabe em quantas partes divide-se o corpo
Entende que quanto mais vivo
Aqui, jaz, um rei morto.
Num prato, numa bandeja,
Um corpo, uma alma, agonias proféticas.
Lada-a-lado com a misericórdia
Uma promessa de passados,
De um presente incerto,
De um sonho agonizante...
É a vida de quem vê distante...
Na terra, ama o que está por perto.
Só em apuros reflete, por um instante...
  
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 17/07/2010
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras

     "Oh! Não te espantes não, Dom Antônio, 

     Que se atreva a Bahia

     Com oprimida voz, com plectro esguiu

     Cantar ao mundo teu rico feitio, 

     Que é já velho em Poetas elegantes

     O cair em torpezas semelhantes."

                                                            Poesias Satíricas - G. de Matos.

 

     Uma Canção

 

         "Uma canção ao longe... É um mendigo que está cantando...

                                                  Se esse pobre canta,

                           por que blasfemas, tu que possuis tão

                              doce recordação da vida, amigo?"

                             Cem poemas chineses - Hugo de Castro.