"Quem me confia em olhos,

               Nas meninas dele vê

                    Que meninas não têm fé."

 

                                   Camões.

               

Ubirajara Sá
"Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade."
Textos
O Pobre Suicida
O sangue na taça:
Vermelho ou rubro ou vinho...
Pernas sobre o pufe... Ameaça
Ao vagabundo e ao ninho...
Túmulo e taça de cristal
Alma escravizada no inferno astral.

Morre-se de uma só vez
Tez ferida por espinhos
Cruz, encruzilhada, malvadez...
Ferida profunda no peito, moinho
Que remove passados tristes
Que deixam resíduos e chiliques.

Um corvo que se lança ao espaço
Desesperado e agonizante...
Sua rebeldia, agora, calma, é um traço
Do que foi enquanto jovem, infante...
Agora, morre uma morte calculada
Pois, se não fosse a vida, não seria nada...

Um carvalho na mão o sustenta
Passos trôpegos conduzem-no ao inferno
Inverno em uma vida purulenta
Nojenta; composto químico no caderno
Fórmula decomposta da vida
Sofreu, sofreu o pobre suicida...


Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 22/12/2010
Alterado em 10/09/2018
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     "Oh! Não te espantes não, Dom Antônio, 

     Que se atreva a Bahia

     Com oprimida voz, com plectro esguiu

     Cantar ao mundo teu rico feitio, 

     Que é já velho em Poetas elegantes

     O cair em torpezas semelhantes."

                                                            Poesias Satíricas - G. de Matos.

 

     Uma Canção

 

         "Uma canção ao longe... É um mendigo que está cantando...

                                                  Se esse pobre canta,

                           por que blasfemas, tu que possuis tão

                              doce recordação da vida, amigo?"

                             Cem poemas chineses - Hugo de Castro.