O Computador e a Canção
Após saborear umas duas ou três taças de vinho,
Ouvindo Mireille Mathieu, e, logo depois, Charles Aznavour
Sentei-me diante de um computador; um pouquinho
De tristeza, parce toujours je suis distance de mon amour...
Um computador que não ouve, mas que obedece:
Frio n’alma; morto por dentro; vazio; companheiro...
O primeiro que sente os meus dedos frios, um verdadeiro
Asno das letras e pensamentos; cruel, não esquece
Nada do que nele se traça...
Uma desgraça!
Só eu sofro diante do seu teclado negro e fosco...
A canção ofusca-me a mente
Eu fico pasmo, quase enlouqueço; tosco
E agreste, ele me acompanha, dementemente...
Mas Aznavour com sua voz maravilhosa canta
E com uma brejeirice entorpecente
Alevanta um morto que me ia enrolado na manta
Sob o olhar e o roçar de uma ardorosa vendeira
Que aos meus ouvidos sussurrava ais de La Violetera.
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 01/04/2010
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