A Última Morada
Terra, terra... por que todos brigam por terra
Se a terra não nos pertence, ao contrário,
Somos filho da terra, somos o pó que a mãe herda
Merdas! Uns merdas sem pudor... tributários,
Operários; carne que apodrece na lama estagnada
Morada de vermes sanguessugas que vivem pro nada.
Um azul cinzento que foi já um escuro azul
No meio do céu estrelado; calma, rolava livre
Para todos os lados, confundindo o norte e o sul
Coube a Copérnico e Kepler descobrir-lhe aonde vive
Em seu estado puro; o apuro da forma viva
Em seu estado agreste; investe-se de mãe agressiva.
Uns muitos em seu solo dividem-na em porções
Furacões provocados por soberanos industriais
Más índoles que dominam minérios e minerais
Guerras que dizimam vidas e deformam aluviões
Os poucos que dominam, cada vez mais se afortunam
Dunas que brilham ao sol, nos porões se avolumam.
Terra, terra... o que fazer de ti amada terra?
Globo que se aferra aos satélites incontestes
Vestes que desalinham sua órbita inerte... berra!
E, no berro, o inferno, a fome e a peste...
E as árvores, as matas, o solo, o mar se esvaem
Quase não se vê mais; quase não nos atraem.
E assim, cara e amada terra, os poucos que lhe adoram
Choram, chorando mais, pelas mãos do satanás...
Desde o princípio que os sátrapas a exploram
Ignoram aborígines e africanos; exaltam bacantes e bacanais
Soberanos terráqueos! Onde se esconde o seu solo?
Onde quer que os seus restos apodreçam? Imploro!
A terra, por que tanto se fez ganancioso,
Um dia será sua amiga de eternidade
E afogará o seu corpo num escuro poço pegajoso...
Uma lápide fria mostrará o seu nome, sem brilho de verdade
Quem lembrará de um forasteiro que se diz imortal?
Somente seus companheiros ricos, donos do mal...
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 19/04/2010
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