"Quem me confia em olhos,

               Nas meninas dele vê

                    Que meninas não têm fé."

 

                                   Camões.

               

Ubirajara Sá
"Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade."
Textos
Viola, Minha Viola.
Istendida a cocha de retaios no vará
Um quintá emodurado pur pranta e bicho
Uma porcilga, uma vara, um galo, o lixo
Bassoura de páia pra varrê o quintá
Uma saia rodada, um torço inrolado na cabeça
Uma sandáia de côro arrastano pru aí
Neguinha Juana se inrola na tuaia
Sai pro samba na casa de Naí
E se apreça pra caí na gandaia.

A viola chora na mão de Nié...
O prato relado por Sinhazinha
Marca o samba de roda... samba no pé...
Divagarinho, a muierada sai da cuzinha
E vem se achegá pra roda... e samba
O pandero chora na mão de Juão, o bamba.

“Pisa na meza,                                ├ samba de viola - cantado
Não me quebra loça
Qui a loça é fina
É de Amaralina...”

“Viola, minha viola
Viola, minha sucena                        ├  samba de viola - cantado
Quem sabe lê num trabaia
Só vive cum a mão na pena.
Ô viola, ô viola...
Ô viola, ô viola...”

E a festa rola, embola e passa
O tempo se esvai e desgasta
Devassa o corpo, e a alma falsa
Que se desfaz do corpo e se afasta
Aproveita-se do tempo infinito
Pra zombar da vida em um só rito.
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 26/04/2010
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     "Oh! Não te espantes não, Dom Antônio, 

     Que se atreva a Bahia

     Com oprimida voz, com plectro esguiu

     Cantar ao mundo teu rico feitio, 

     Que é já velho em Poetas elegantes

     O cair em torpezas semelhantes."

                                                            Poesias Satíricas - G. de Matos.

 

     Uma Canção

 

         "Uma canção ao longe... É um mendigo que está cantando...

                                                  Se esse pobre canta,

                           por que blasfemas, tu que possuis tão

                              doce recordação da vida, amigo?"

                             Cem poemas chineses - Hugo de Castro.