"Quem me confia em olhos,

               Nas meninas dele vê

                    Que meninas não têm fé."

 

                                   Camões.

               

Ubirajara Sá
"Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade."
Textos
Promessa
Hoje fui visitar o meu irmão, no hospital
Que mal eu senti ao vê-lo deitado
Plantado na cama, sem alma, um coitado
O mal transparecendo no leito
O peito baixo, o olhar doentio, vazio
Não pude deixar de sentir pena
Ao menos Deus o levasse pra casa
Uma tábula rasa, uma orquídea branca
Um anjo transparente, quem sabe um duende

Senti pena de mim!
É, foi assim... eu senti o que não queria. Eu vi
Vi o meu irmão sem poder mexer a cabeça
Um olhar distante, sem firmeza
Tentei reanimá-lo, quis encorajá-lo
Ele reclamou. Era muita dor
O seu sustentáculo já não obedece
Padece quem por perto está
Esperando o milagre do altar...

Se Deus me ouvisse... Oh, Deus!
Um adeus pra me acalmar, um sorriso...
Um siso vulgar... a cor do mar...
Foi no mar que ele viveu sua vida
Na terra ele encontrou o amor
E a dor foi sua parceira maior
Desencantado, jovem partiu
Sumiu no mundo, sem destino
Menino, quis flutuar, o sonho acabou

Hoje vejo o homem que admirei tanto
Um santo imortal, sem barreiras
No pedestal da ladeira
Ele esbraveja sua ira tenaz
Um capataz da fraqueza
Rumoreja sua sorte traída
Foi a bebida, a vida, o fumo
Que o levou à queda
Merda! Que boa merda!
Sinto que o errado fui eu
Eu prometi, mas ele não...
Prometeu!
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 07/07/2010
Alterado em 28/10/2011
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     "Oh! Não te espantes não, Dom Antônio, 

     Que se atreva a Bahia

     Com oprimida voz, com plectro esguiu

     Cantar ao mundo teu rico feitio, 

     Que é já velho em Poetas elegantes

     O cair em torpezas semelhantes."

                                                            Poesias Satíricas - G. de Matos.

 

     Uma Canção

 

         "Uma canção ao longe... É um mendigo que está cantando...

                                                  Se esse pobre canta,

                           por que blasfemas, tu que possuis tão

                              doce recordação da vida, amigo?"

                             Cem poemas chineses - Hugo de Castro.