Despedida
Há muito tempo eu não me sentia morto...
Não sei por que ainda teimo em ficar de pé...
A agonia é minha companheira fiel, e a todo instante
Faz-me lembrar de que já chegou a hora de partir.
A aurora já me deixou, faz muito tempo...
Vento, tempo, tempo... Fecho a janela!
O tempo não me deixa ficar só, oh! Companheiro,
Que solidão! Que solidão cá dentro!
E o vento? E o tempo?
Foi-se a memória da vida buscar a memória do tempo...
E quando me lembro da criança, nas andanças da vida,
Eu me perco em lembranças, perco-me nas esperanças
Um roto, um rato, que importa!
Só um gato suporta correr atrás do rato... E o rato
O que eu quis, lá ficou... Lá no fundo...
Que mundo! Oh, que mundo de meu Deus
Onde eu não tenho direitos, não tenho nada!
Arranca-me daqui senhora piedade!
Por piedade, não me deixa sofrer!
Sou um defunto que agoniza no fundo
Sem fundo; do mundo sem fundo.
Por piedade, não me deixa só... Tem pena
Desta alma penada, que sem nada pra dizer,
Sem nada pra fazer, teima!
Oh! Lema... Dilema de um pobre sofredor
Que é tomado de horror quando se vê só!
Pena que é de dó; que dor do amor, que dor
De teima... O dilema foi seu princípio, seu meio
E será o seu fim! Pena de mim!?
Não! Não tenham pena! Digam adeus!
Eu simplesmente passei por aqui.
Eu quis, eu pedi... Não sei por que isso agora,
Mas eu pedi!
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 28/10/2011
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